
Não és os Outros
Não há-de te salvar o que deixaram
Escrito aqueles que o teu medo implora;
Não és os outros e encontras-te agora
No meio do labirinto que tramaram teus passos.
Não te salva a agonia de Jesus ou de Sócrates ou o forte
Siddharta de ouro que aceitou a morte
Naquele jardim, ao declinar o dia.
Também é pó cada palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado pela boca.
Não há pena no Fado e a noite de Deus é infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante Tempo.
E és cada solitário instante.
Jorge Luis Borges in "A Moeda de Ferro"
Tradução de Fernando Pinto de Amaral
Gerusa Messias e Valquíria Calbo
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